30.8.08

«Caminhos da Memória» - Regresso


















(desenho de Pedro Vieira)

O passado também é agora. Caminhos da Memória regressa renovado a 1 de Setembro.

Neste momento, já lá encontrará alguma informação sobre a nova etapa que agora vai ter início.

«Não podemos ignorar»













Por razões várias, acordei hoje a pensar em amigos católicos que, em marginalidades difíceis, continuam a afirmar que «também são Igreja».

Ao contrário do que acontece com outras ortodoxias, muitos de nós, ex-católicos e uns tantos compagnons de route que ainda mantêm crenças e rituais, não nos zangamos nem andamos a zurzir-nos uns aos outros em posts ou Caixas de Comentários (não estará talvez nos nossos ADN’s...). E acreditem os incréus de nascença e os ex ou actuais militantes de outras «ideologias» que as nossas não eram mais fracas nem menos profundamente estruturantes.

Talvez por isso admire a coragem do padre Anselmo Borges, quando escreve hoje no DN:

«Em Dezembro passado, [o papa] recusou conceder uma audiência ao Dalai Lama e, aquando da repressão brutal no Tibete, foi lento na condenação, de tal modo que um ministro italiano denunciou o "excesso de Realpolitik". Abençoou os Jogos e, nas férias, visitando o túmulo de um antigo missionário na China, referiu-se ao país como "cada vez mais importante na vida política, económica e também na das ideias", sendo, por isso "importante que este grande continente se abra ao Evangelho".»

Leio também algures que Bento XVI parece ter medo que os céus lhe caiam em cima (homem de pouca fé, portanto...).


Dei demasiado valor, no passado, ao significado da pertença a uma comunidade global – que não excluía papa, bispos e toda a panóplia que lhes está associada – para afirmar que nada do que está subjacente ao que o padre Anselmo escreve tem qualquer importância.

Por isso, tenho dificuldade em entender uns e outros que parecem conviver melhor ou pior com estas realidades, mas admiro-lhes sinceramente a frontalidade. E se optarem um dia por sair, façam-no devagar, sem bater de portas e vão ver que não custa assim tanto. Mas se decidirem ir ficando, então coragem – só isso.


Francisco Fanhais, Cantata pela Paz, Vígília na igreja de S.Domingos, 1/1/1969

29.8.08

New Orleans, 29 de Agosto
















Há três anos, os efeitos terríveis do Katrina, numa cidade absolutamente mágica.


All Stars Jazz Band

P.S. - A ler

28.8.08

Yes, I can

Entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa, revista Magazine, Julho-Agosto, 2008.

«- Acha-se com capacidade para um dia ser Presidente da República?
- Capacidade, sim. Condições objectivas, veremos. É uma hipótese possível. Não é uma inevitablidade. E muito menos uma obsessão. A vida não começa nem acaba em Belém. Para o mal e para o bem


E para não esquecer nunca, mas nunca:

Bem me parecia...

... que os efeitos ainda andavam por aí.

Segundo Nireu Cavalcanti, autor brasileiro de Conflitos coloniais,

«En el inicio del siglo XVII, cultivar y hacer comercio con el cannabis era una moneda de cambio normal. Y más en un reino visionario como el de Portugal, que expandió sus redes oceánicas por todos los continentes como potencia colonial.(...)
El poderío naval portugués le debe mucho a la fibra obtenida de esta planta, que era utilizada en la construcción de velas, cuerdas y otras partes de las embarcaciones.»


Mas, como sempre, os espanhóis estragaram tudo:
«La experiencia fracasó porque los españoles invadieron la región en varias ocasiones y siempre destruyeron todos los cultivos. España tenía plantaciones en México y dominaba el comercio de los derivados del cáñamo. Y por ello no tenía ningún interés en que Portugal fuese autosuficiente en la producción de una planta tan lucrativa y polifacética.»

27.8.08

R.I.P.












O cardeal Newman (1801-1890) teve um papel importante em Inglaterra pela sua acção e evolução no plano religioso. Começou por ser ordenado padre na igreja anglicana, envolveu-se depois no chamado Movimento de Oxford que defendia a aproximação ente aquela igreja e Roma, acabou por se converter ao catolicismo e morreu cardeal. Está mesmo em curso um processo de beatificação que deverá acontecer dentro de alguns meses.

John Henry Newman está enterrado algures num pequeno cemitério e Roma pretende agora que os seus restos mortais (que já não devem ser muitos...) sejam levados para um local mais digno, onde o «futuro santo» possa ser visitado por peregrinos.

Pacífico? Pois parece que não.

Segundo o Público (espanhol) de hoje, movimentos gay acusam o Vaticano de homofobia (e mesmo de «roubo de cadáver e profanação») por ter decidido separar os restos mortais de Newman dos do companheiro de sempre, para encobrir a sua homossexualidade antes de o declarar beato. Invocam que Newman escreveu, como «última e imperativa vontade», que queria ser enterrado com o padre Ambrose St. John.

Tudo isto é absolutamente macabro.

Se entendo que os crentes se preocupem com o destino das almas post mortem, nunca percebi por que razão quem quer que seja possa perder um minuto de vida para definir o destino das suas ossadas. Mas adiante, sei que sou um tanto insensível a localizações e coabitações de cadáveres.

Agora que os movimentos gay, que têm tanto com que se entreter na roda dos vivos, se empenhem tão ferozmente na defesa dos restos dos seus «antepassados», isso parece-me verdadeiramente kitsch.

Quanto ao papa e ao Vaticano, se o cardeal e o amigo já estiveram juntos mais de cem anos, que sejam agora separados em nome da decência e para não despertarem curiosidades em futuros peregrinos – «olhos que não vêem, coração que não sente», pois com certeza.

Kill the gun

26.8.08

Julgava já ter lido tudo sobre a lei do divórcio?

Pedro Arroja:
«Eu tenho grande dificuldade em compreender como pessoas que nunca criaram uma família, ou que foram incompetentes para criar uma família ou para manter um casamento, como é público acerca do primeiro-ministro português, ousam alterar as leis que regulam a família e o casamento.»

(Via Pedro Marques Lopes.)

Traduciendo...

Um acesso estranho a este blogue levou-me à procura da origem. Encontrei isto:


Se a frase do hino fosse outra, como é que estariam traduzidos os «egrégios»?

Obama, o Anticristo

















A notícia já tem uns dias: um vídeo financiado pela campanha de John McCain no início de Agosto terá alimentado o entusiasmo dos integristas que multiplicam argumentos que «provam» que Obama é o Anticristo.

Alguns exemplos:
- Nostradamus previu o fim do mundo para 2012 (ano em que terminará o mandato do presidente que for eleito em Novembro);
- O Anticristo é a favor do aborto, tal como os democratas (!...);
- No Apocalipse, diz-se que o enviado do diabo prometerá trazer paz ao mundo e Obama faz o mesmo em relação ao Iraque.

Num blogue dedicado à pesquisa e recolha deste tipo de sinais, 41% dos leitores dizem que sim, que Obama é o Anticristo...

É este vídeo da campanha de McCain – «The One» – que está na origem da polémica: as afirmações ditas «messiânicas» de Obama são comparadas a citações que anunciam a vinda do Anticristo.




Outros vídeos:
- Obama é 666 (o número do diabo).
- CNN sobre o mesmo assunto.

Enfim, «God bless America!» – se conseguir, é claro.

(Fonte)

25.8.08

Com terços e velas


















Segunda a Lusa, realizam-se hoje, uma vez mais e em várias cidades do país, vigílias contra o aborto, convocadas por sms e por mail e divulgadas por vários blogues. (Refere-se mesmo que um dos principais movimentos envolvidos está a recolher assinaturas para se transformar em partido político!...)

No mês de Julho, terão participado nas vigílias, ao todo, cerca de duzentas pessoas em todo o país. Tão poucas? Isso vai mal... Que tal desistirem, deixarem que se cumpra a lei e que cada um assuma as suas responsabilidades? Que tal aceitarem que perderam o referendo de 2007?

Por outro lado, porque não rezam nas igrejas mas sim à porta de hospitais e de clínicas autorizados a praticarem legalmente o aborto? Como forma de pressão para que não respeitem a lei? Haja deus!

Quase no fim da Silly

«Sinais dos tempos»













É raro citar textos na íntegra, mas está a tornar-se um hábito fazê-lo com os de Manuel António Pina. Mais um.

«O arminho é um pequeno animal (mede entre 15 e 30 centímetros e pesa pouco mais de 200 gramas) incluído no Anexo III da Convenção de Berna (espécie ameaçada, parcialmente protegida e sujeita a regulamentação especial).

Para seu azar, seu tão grande azar, tem uma pele felpuda e bonita, que fica bem em adornos ricos como o "camauro" (gorro) e a "mozeta" (estola) de veludo com que Bento XVI, recuperando o luxo papal pré-tridentino, agora se exibe, em vistoso conjunto com os seus famosos sapatos "Prada". O Papa está atento aos "sinais dos tempos", como prescreve o Vaticano II. Ora não são, os nossos, tempos de frivolidade e de ostentação? Dentro do mesmo espírito de "aggiornamento", o padre e teólogo António Rungi está a organizar o concurso de beleza "Sister Itália 2008", destinado a eleger a "Miss Freira" italiana. E, no Channel 4, passa o "reality show" "Façam de mim um cristão!", onde os concorrentes têm de converter infiéis ao cristianismo em três semanas. Dois mil anos é muito tempo. Hoje, ninguém de bom gosto, podendo usar um gorro de veludo e arminho, usaria uma coroa de espinhos.»

24.8.08

Separados à nascença

Dois posts sobre o mesmo tema, quase com o mesmo título.
Mesmo que já tenham lido o do Luís, não percam o do Pedro.

«Não resisto a não comentar...»

Portanto não comento.

Enquanto os ladrões não virarem ateus...

Segundo o DN, uma papelaria de Setúbal foi assaltada dez vezes em cinco anos. Desesperado, o dono colou na porta um papel com uma frase que já o protege há um ano e meio:

«Amigo! Deus tarda mas não falha.»

Remédio santo, portanto.