4.11.17

Dica (655)



Este país apesta a franquismo (Javier Pérez Royo) 

«Las querellas del fiscal general y los autos de la jueza de instrucción de la Audiencia Nacional no son atentados contra la Constitución Española exclusivamente sino contra el Estado de derecho en general. Jurídicamente son una salvajada. Y así lo van a entender los tribunales belgas. La Sala de la Audiencia Nacional no debería perderlo de vista.» 
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Robôs: Cada vez mais a sério




«I expect the AI job takeover to pose a problem primarily because its benefits will go to the few who own the technology, while all the harm will fall on the rest of us. It is a political problem, not a technological one.

In my view, technology amplifies the inequities of capitalism. What AI will do is to turn nearly everyone into displaced workers, even some who were previously among the elite.»
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Chamem a Padeira!

Chamem o Antifluffy



José Pacheco Pereira no Público de hoje:

«Os meus amigos do Media Lab for Citizenship, que organizam um evento anual, o Future Places, criaram uma personagem de um jogo anti-Pokémon, chamada Antifluffy. Conforme o nome indica, a personagem que se desloca nos eventos, com um homem por baixo, é exactamente o contrário de fofinha (nem acredito que escrevi esta palavra...), e por isso ninguém quer acariciar um Antifluffy com o seu corpo coberto de fitas negras de celulóide. Pois eu lembrei-me do Antifluffy como uma necessidade pública urgente para soltar no meio da nossa política, na Presidência, no Conselho de Ministros, em Belém e S. Bento e nos candidatos do PSD, onde também estão precisados de um antiproximidade. E também nos jornais, nas rádios e na televisão, que transpiram “casos humanos” e a exploração comercial da tragédia dos fogos, facilitando o perigoso contínuo da má política para o populismo.

Eu explico-me: já não posso com tantos afectos, tanto desejo de estar em cima das pessoas, tanta vontade de envolver tudo e todos numa sopa de pathos, como se fosse o pathos o que mais falta à vida pública portuguesa. Bem pelo contrário, o que falta é um quantum de racionalidade, nem sequer um quantum, que já por si só seria revolucionário, mas uma gigantesca dose de razão, de argumentos, de raciocínios, em vez de tornar a vida pública num festival de beijos e abraços, e de muita lamechice em relação à dor alheia. O problema é que quase se pode fazer uma correlação: quanto mais lamechice, menos reformas e menos mudanças. E de mudanças e reformas é que a nossa vida pública mais precisa.

Como muitas vezes escrevi e repito, a democracia precisa de doses equilibradas de logos (razão), pathos (emoção) e ethos (moral, virtude) e infelizmente está longe de as ter. Bem sei que atravessamos uma tragédia e as memórias vivas dessa tragédia estão por todo o lado. Compreende-se a emoção e seria mau que não existisse, e isso fez a diferença que tramou o primeiro-ministro e bem. Mas, passada a primeira e genuína impressão, naturalmente emotiva, há toda uma sobriedade que falta, há todo um momento em que há que dizer chega e passar para aquilo que é mais útil para todos, a começar por aqueles que perderam tudo nos fogos. Essa altura já passou há muito, e continuar no terreno do pathos, entre o genuíno e a exploração sentimental, não ajuda a resolver problema nenhum. Bem pelo contrário, é a melhor receita para uma política de má qualidade. O pathos é inimigo do tempo que é necessário para pensar, vive da imediaticidade.

3.11.17

Voto de Protesto pela prisão de membros do Governo Regional da Catalunha



A Assembleia da República rejeitou esta tarde um Voto de Protesto apresentado pelo BE e PAN, com a seguinte votação:

Ponto 1 – A favor: BE, PCP, PEV, PAN e 5 deputados do PS / Abstenção: 1 do PS / Contra: PS, PSD e CDS.
Ponto 2 – A favor: BE, PCP, PEV, PAN / Abstenção: 2 do PS / Contra: PS, PSD e CDS.

(Daqui.)

Catalunha e judicialismos



«“Rajoy judicializou tudo, porque simplesmente não teve a capacidade de se sentar a negociar fora do ordenamento jurídico”. Há um problema na justiça espanhola? Sim, mas não é de agora, diz Nuno Garoupa.»

«It is therefore understandable that there is a more than reasonable doubt about the fairness of the highly politicised Spanish courts. The charges launched today are eminently political, and have the objective – as openly stated by various PP party officials – to severely punish and make examples of the leaders of Catalonia’s political and civil society self-determination movement.»

CDS: uma esperança



O ser que escreveu isto no Facebook é presidente da Juventude Popular. Pode chegar a presidente do partido, quem sabe… 
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Rio Santana



«Hoje vou tentar expor aos esbeltos leitores o meu ponto de vista sobre as eleições no PSD. Eu não gosto muito de me meter na política porque construí a minha carreira à base de subsídios para a agro-pecuária, mas começou a batalha pela liderança do PSD e eu adoro filmes de terror.

O tiro de partida já foi dado, e Rui Rio e Santana Lopes já começaram a contar espingardas, esperemos que sem a ajuda do ministro da Defesa.

Este combate Rio X Santana tem qualquer coisa de canal RTP Memória. Soa a anos 90. Ambos andam nisto há tantos anos como o Preço Certo. Estamos fartos de os ver a andar por aí. Santana Lopes tem uma desvantagem em relação a Rui Rio. É que, de Rui Rio, apenas suspeitamos de que não dá um bom primeiro-ministro.

Não vou votar porque estou longe de ser simpatizante do PSD, tenho até alguma embirração, mas se tivesse uma pistola apontada à cabeça, e me obrigassem a optar, escolhia Santana. Eu explico. Ambos me causam um certo receio, mas é um receio diferente. É como ter dois filhos, e um faz maldades e outro partidas. Rio é o filho que enforca periquitos, Santana é o que toca à campainha das vizinhas. Se Santana acaba por dar mais sarilhos porque todos sabem o que faz, Rio não faz barulho, mas faz mais mal.

Esta semana, Rui Rio disse que Maria Luís "esteve muito bem e que ele faria o mesmo". Hum... Não acredito, aposto que Rio não casava com aquele marido que ameaça jornalistas, mas pelo menos já sabemos quem é que Rio vai convidar para ministra das Finanças. A 30 de Julho de 2013, dizia Rio numa entrevista que: "A ministra das Finanças é 'pedra no sapato' e 'elo mais fraco' do Governo." Ou seja, Rui Rio gosta de automóveis antigos, mas tem uma memória curta.

Santana Lopes é muito diferente de Rio, tirando o penteado, e acredito que, com Santana, os debates com Costa fossem renhidos. Costa vencia o debate sobre os indicadores do sistema de Segurança Social, o debate da despesa pública e a discussão sobre o investimento público e Santana Lopes vencia a prova de dança de salão, o concurso de "shots" e o debate sobre preliminares.

Seja como for, eles que se entendam, que façam muitos debates, mas que Santana não seja interrompido por uma notícia sobre José Mourinho, ou ainda é capaz de abandonar a candidatura a meio.»

2.11.17

Crisântemos, hoje que é o dia deles



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Dica (654)



A montanha pariu um rato? (Pedro Carlos Bacelar de Vasconcelos) 

«A declaração de invalidade do referendo catalão de 1 de outubro pelo Tribunal Constitucional teria dispensado o Governo de Espanha da mobilização das forças policiais para evitar a consumação de um "ato" que, afinal, já não poderia ser reconhecido como válido. Ainda menos se justificava a prisão e o uso da força para impedir que milhões de catalães exprimissem pacificamente o seu descontentamento através de um gesto com valor meramente simbólico: depositar nas urnas um boletim de voto! O que distingue a autoridade legítima do poder tirânico é o consentimento do povo. E onde faltar o seu consentimento, nasce o direito de resistência, enunciado há mais de trezentos anos por John Locke, como fundamento e justificação da Revolução Gloriosa contra o absolutismo monárquico na Inglaterra da dinastia Stuart.»
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Catalunha


«Primeiro levaram os comunistas, mas eu não me importei porque não era nada comigo. Em seguida levaram alguns operários, mas a mim não me afetou porque eu não sou operário, etc., etc.»

HOJE LEVARAM ALGUNS CATALÃES.  E eu importo-me, sim.
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Há 20 anos foi outra era



Ricardo Araújo Pereira na Visão:



 Na íntegra AQUI.
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A valsa dança-se a três



«Marques Mendes discutiu na SIC a frase de António Costa no debate da moção de censura: "Os votos do PS e do BE ainda não formam uma maioria neste Parlamento". O contexto permite perceber que o primeiro-ministro respondia a um tema colocado pelo Bloco sobre o qual não dava por certo que houvesse maioria no parlamento. Nenhuma novidade, isso já aconteceu com a intervenção pública nas terras sem dono, rejeitada por uma confluência entre o PCP e a direita. Não era portanto uma afirmação sobre o futuro mas sobre dificuldades do presente. Foi no entanto o bastante para suscitar emoção. Será que o PCP se vai por de fora? Será que o Bloco corre para o governo? Nem um nem outro, lamento desiludir os entusiastas.

A especulação sobre esse futuro hipotético foi agravada pelos resultados municipais e por alguma manifestação de instabilidade que se lhe seguiu. Muitos concluíram aliás que os resultados da esquerda nas autárquicas eram o preço de não estar no governo. Daniel Oliveira tem defendido esse ponto de vista, para convencer os partidos de esquerda a mudarem de estratégia: “O PCP suporta um governo que está a tomar as medidas que tiram votos aos comunistas. Não porque as pessoas estejam descontentes, mas porque estão satisfeitas. PCP e BE ficaram de fora de governo para não serem responsabilizados pelas suas derrotas. Não estão a ser responsabilizados pelas suas vitórias.”

É a mesma opinião de Tiago Mota Saraiva, militante do PCP: “Este parece-me ser o resultado natural da solução governativa. Apesar de PCP, PEV e BE – no parlamento - reivindicarem para si alguns avanços, o facto de não terem pastas governativas com que possam construir políticas coloca-os numa posição débil. O PS capitaliza os sucessos do governo.”

Há dois problemas com esta narrativa. O primeiro é a realidade dos factos: as contas eleitorais não confirmam essa história de perdas. Já com o novo governo, o Bloco teve sucesso nas presidenciais e nas regionais dos Açores, e agora uma subida nas eleições autárquicas (em Lisboa foi o partido de esquerda que mais subiu, mudando o mapa municipal). O PCP caiu nas presidenciais mas, nas autárquicas, subiu em Lisboa, mesmo perdendo noutros concelhos. Manteve no país uma votação notável, aliás superior ao seu resultado legislativo. Ora, se sobe nuns concelhos e desce noutros, não se pode inferir que o acordo com o governo enfraquece o partido, terá que existir alguma razão local para os resultados, os melhores e os piores.

O segundo problema é que participar num governo não é o mesmo que ir a um jantar de gala. São precisos acordos mais profundos e resistentes do que os actuais. Por isso, se o PCP e o Bloco tivessem feito parte deste governo, o resultado era instabilidade: tê-lo-iam abandonado quando da operação Banif, dois meses depois de tomarem posse. E essa seria a pior das alternativas. Sugiro então que é melhor dar tempo ao tempo, na política há mar e mar, há ir e voltar.

Para mais, a actual maioria é de facto excepcional porque a situação que lhe deu origem foi excepcional: o que os juntou foi afastar a direita. Nas próximas legislativas, a haver novo acordo de convergência, ele terá de responder já não à emergência da salvação do país depois da troika, mas antes a um projecto económico e social para o longo prazo em que sejam enfrentadas a ganância dos mercados e as dificuldades europeias. Ora, para isso, será necessário mobilizar todas as forças disponíveis: essa política de que Portugal precisa não pode abdicar do contributo do Bloco e do PCP. Instigar um jogo de um contra o outro seria um tiro no pé. Então, se uma maioria absoluta levaria o PS para a sua velha política, no caso de isso não acontecer e a haver uma negociação, a exclusão de algum dos partidos de esquerda inviabilizaria uma política forte. Se essa for a música, a valsa de 2019 dança-se mesmo a três.» 

Francisco Louçã
(Público de 01.11.2017, sem link
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1.11.17

1 de Novembro de 1755



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Dica (653)



Desde Londres con amor (John Carlin) 

«Pero no fue esto lo que me abrumó esta mañana al despertarme. Lo que me abrumó fue la claridad con la que vi la mezcla de ira, u odio o revanchismo o quién sabe qué complejos que motivan las acciones políticas de aquellos señores y señoras del establishment político español, pero especialmente los del Partido Popular con las ganas locas que han tenido de imponer su autoridad sobre Catalunya. (…) Sí, Puigdemont se lo acabó poniendo en bandeja, pero es muy difícil evitar la conclusión de que para Rajoy y compañía invadir y ocupar Catalunya políticamente siempre fue el primer recurso, no el último; que aprobar el artículo 155, la oscuridad hecha ley, fue motivo no de lamentación sino de festejo. (…)

En una democracia la política consiste en persuadir, en ganar corazones y mentes a través de los argumentos, las palabras y los gestos. En un sistema autoritario la política consiste en imponer la ley. ¿A cuál de los dos se parece más el Estado español hoy?»
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A Catalunha no seu labirinto


«Uma sondagem publicada ontem pelo Centro de Estudos de Opinião da Generalitat apontava, exatamente, para um reforço significativo dos partidos independentistas, em números de lugares no parlamento regional. (…)

Sobre a independência, houve 48,7% dos entrevistados que responderam afirmativamente e 43,6% rejeitam uma república catalã. Ou seja, se fosse hoje, o Sim à independência seria reforçado em 7,6 pontos, em relação a uma sondagem semelhante realizada em junho, meses antes do referendo.»

(Daqui.)

Bruxelas? Incontornável...

«Pão, por Deus»



Em 1 de Novembro de 1756, exactamente um ano depois do terramoto que destruiu grande parte de Lisboa, a população, paupérrima, aproveitou a data para lançar, por toda a cidade, um grande peditório. Batia-se às portas e pedia-se: «Pão, por Deus».

A tradição espalhou-se depois por todo o país e foi mesmo exportada para o Brasil. 
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31.10.17

Dica (652)




«We do not want to frighten people by highlighting the dangers of digital evolution. But there are choices to be made, and systems must not be left to develop in a regulatory vacuum. Trade union mobilisation is vital, for, as our forebears found in the 19th century, if we wait until this new Industrial Revolution is complete, it will be too late. I see more and more colleagues in the unions who are even considering the 4th industrial revolution as an opportunity to lay new foundations for the trade union movement. Let us be ready to respond to this exciting challenge.» 
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Halloween em Coimbra


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A borla fiscal ao Estado chinês


«Antes de comprar a EDP, a China Three Gorges cria um veículo chamado China Three Gorges International Europe SA, no Luxemburgo. Esse veículo não tem trabalhadores e tem como único capital o dinheiro emprestado pela sua holding-mãe em Hong Kong. Todos os anos, a EDP paga generosos dividendos. Como a China Three Gorges está situada no Luxemburgo, não há retenção na fonte do imposto de 28% sobre esses dividendos pagos em Portugal. De acordo com as regras do Luxemburgo, os lucros da China Three Gorges podem ser transferidos para a sua holding em Hong Kong sem pagar impostos. Essa holding é detida pela CWE Investment Co. Ltd, que é detida pela China Three Gorges Corporation, que é detida pela República Popular da China.

E foi assim que, nos últimos anos, 725 milhões de euros, limpos de impostos, puderam sair dos bolsos dos consumidores de eletricidade para o Estado chinês. Foi um bom investimento estrangeiro? Para a China Three Gorges, certamente. Para Portugal, dificilmente.»

Mariana Mortágua

Tancos: material cresceu e multiplicou-se, ora!



Assaltantes de Tancos devolveram uma caixa a mais de material.

Houve tempo para isso e para muito mais!
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O nosso Halloween



«Ora, amanhã é Noite das Bruxas, ou noite de halouéne, como diria a maioria dos habitantes de Portugal, se a maioria não fossem turistas. No meu tempo (808 dC) este dia era o dia de “Pão por Deus”. Também pedinchávamos, porta a porta, mas não nos mascarávamos de monstros e não ameaçávamos ninguém com doçuras ou travessuras, porque se o fizéssemos levávamos com um cinto. Normalmente o objetivo era obter pão de ló com a justificação que era pão por Deus. Dizíamos que era para Deus mas comíamos nós e nem uma migalha dávamos a um pombo, mesmo ele que provasse que era o Espírito Santo. Era como se houvesse um lado marginal na religião. Eu gostava.

O Dia das Bruxas não tem tido muito êxito em Portugal, talvez porque se perderam os velhos rituais como a queima das bruxas. Há muito, muito tempo, quando quem mandava era a Santa Inquisição, a esta hora estavam a juntar madeira para fazer uma fogueira no Marquês de Pombal para queimar bruxas vivas. E não havia divisões. Não havia nem Benfica nem Sporting, as pessoas juntavam-se no Marquês, e era tudo do mesmo clube, que era um clube que gostava de queimar bruxas vivas. Eram outros tempos. Hoje, se a Maya fosse queimada viva no Marquês, tenho a certeza que as opiniões dividiam-se.

O Halloween é uma coisa parva que importámos e que ninguém sabe para que serve – é como os submarinos. Fui ao hipermercado e estavam abóboras com autocolantes a fazer de dentes assustadores e de olhos maus – se a intenção é assustar as pessoas, podiam fazer isso com autocolantes com o preço do lombo. Para mim, uma abóbora é sempre uma abóbora. De uma abóbora eu espero que seja capaz de dar origem a uma boa sopa, não espero que tente assustar o meu mais novo. Claro que se pudéssemos escolher a fruta e os legumes desta forma, tudo seria mais simples. Se o melão mau tivesse cara de mau, eu não tinha necessidade de lhe apertar as extremidades para ter um leve palpite sobre a sua natureza. "Não leves essa meloa porque está com cara de enjoada". Tornava tudo mais simples.

Portanto, senhores dos hipermercados e outras lojas em geral, eu queria pedir se evitavam de assustar os miúdos com legumes porque eles já os detestam o suficiente. Podem poupar tempo. Por exemplo, não precisam mascarar um espinafre porque as crianças só de ouvirem falar no nome choram. Não faz sentido mascarar abóboras só porque é Dia das Bruxas. Se vão por aí, no dia do pai têm que pôr tomates a sorrir. Não se brinca com a comida. O Dia das Bruxas não tem tradição em Portugal porque os portugueses não gostam de brincar com essas coisas.

Como costumo dizer quando me embebedo com aguardente de abóbora, esta tradição à força não bate certo. Os portugueses não gostam de misturar mortos e festa. Aquela tradição de que a seguir a um enterro há comes e bebes e festa em casa da família de quem quinou é um impensável para nós. "Morreu o Tio Heitor, não querem ir lá todos a casa comer um bacalhau com natas?" Ou "passa-me aí a mousse de manga que eu ainda não consigo acreditar que o primo Luciano já não está entre nós".

Resumindo: o Halloween é a época do ano preferida dos pedófilos góticos, e fica por aí. A mim é que não me apanham mascarado. Também fico por aqui. Este é um tema que me emociona muito e tenho que me ir assoar por que tenho o nariz de bruxa a pingar.»

30.10.17

Espanha, 30 de Outubro de 1975


Foi em 30 de Outubro de 1975 que Franco, atingido por uma peritonite e sabendo que o fim se aproximava, confiou oficialmente a Juan Carlos a gestão interina do Estado.

Por um puro acaso, cheguei hoje a este vídeo que não conhecia. Nem comento.


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O linchamento do juiz Neto de Moura

Só faltou Jaime Marta Soares dentro de uma abóbora



Vi a entrevista a António Costa, ontem, na TVI, e nem queria acreditar no cenário em que a mesma aconteceu. O PM Não tem assessores de imagem? Não podia recusar aquele enquadramento, nem que a conversa se passasse ao ar livre?

Tudo tem limites. Só faltou Marta Soares dentro de uma abóbora.
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Sobre as manobras em Belém e São Bento



«Francisco Sá Carneiro tinha um sonho. Tinha vários, com certeza, mas um deles ficou registado numa frase que vários sociais-democratas repetiram ao longo dos anos e que se cumpriu em 2011, com Pedro Passos Coelho em São Bento e Cavaco Silva em Belém. “Um Presidente, uma maioria, um Governo”. A frase não foi só o slogan da campanha presidencial de 1980, foi também um ideal que os sociais-democratas perseguiram e hão-de continuar a perseguir.

Com Cavaco e Passos percebeu-se que o sonho não passava disso mesmo – e alturas houve em que roçou o pesadelo. O então Presidente mostrou que um chefe de Estado não está lá para facilitar a vida ao executivo, nem mesmo quando é da sua cor política, e que um eventual entendimento, seja sob a forma de cooperação institucional ou estratégica (expressões que Cavaco Silva usava para se referir à coabitação com José Sócrates), existe como objectivo geral. E também mostrou que, por vezes, as relações pessoais atrapalham as políticas.

É por isso que a imagem de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa debaixo do mesmo guarda-chuva, em Paris, nas celebrações do 10 de Junho de 2016, não passará disso mesmo: uma imagem. Uma das fotografias possíveis da realidade política que os portugueses tinham naquele instante – um primeiro-ministro de esquerda a segurar o guarda-chuva e a proteger o Presidente que veio da direita (palavras de Marcelo Rebelo de Sousa). Não nos espantemos se não for sempre assim. É uma fotografia que não combina com o sistema semipresidencialista em vigor.

Há uns tempos, na sequência das eleições legislativas de 4 de Outubro de 2015, muito se escreveu sobre o regresso da importância do Parlamento à política portuguesa e, inclusivamente, sobre a transição do regime semipresidencialista para o parlamentarista. O que se percebeu esta semana, no rescaldo dos incêndios e de todas as manobras políticas que se fizeram a pretexto, é que não houve transição nenhuma: o primeiro-ministro continua a ter dupla responsabilidade, perante a Assembleia, mas também perante o Presidente da República. E o Presidente, apesar de não estar no executivo, continua a fazer política. E que política.

É preciso não esquecer ainda que os elevados níveis de popularidade com que os portugueses brindam Marcelo Rebelo de Sousa nos barómetros e estudos de opinião também são a fotografia de um momento preciso. Já duram há vários meses, é certo, mas hão-de subir e descer ao longo do mandato, numa linha ondulante que pode ser um tormento para quem lhe dá importância. A realidade muda, os políticos deslizam, há tragédias e gaffes, amores e humores. No final, o que precisamos é de um Presidente atento e de um primeiro-ministro actuante.

Não nos preocupemos em demasia com as picardias entre Belém e São Bento. Existem desde sempre – entre Mário Soares e Cavaco Silva atingiram o auge, a ponto de dificilmente lhe podermos chamar picardias – e podem ser eternas, como os diamantes. Mas haverá sempre algo mais valioso a preservar. E, como recordação, teremos sempre a fotografia de Paris.»

29.10.17

Brassens




... morreu num 29 de Outubro. 
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«Essa Mulher Somos Nós»




Pode ser que «um melhor do mundo» comova hierarquias aparentemente fechadas numa bolha.

Junte.se a ele e subscreva AQUI a Carta Aberta que, no momento em que escrevo, tem já mais de 19.000 assinaturas. 
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Dica (651)




«As new technologies subject the world’s economies to massive structural change, wages are no longer playing the central redistributive role they once did. Unless the decoupling of productivity and wages is addressed, the political convulsions many countries are experiencing will only intensify.» 
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Calculismo emocional



Daniel Oliveira no Expresso de 28.10.2017:

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