13.3.18

Ousar lutar, ousar vencer



«Maquiavel considerava que um príncipe nunca deveria fazer uma aliança com alguém mais poderoso do que ele. Porque assim, em caso de vitória, acabaria inevitavelmente como prisioneiro do seu aliado.

Rui Rio e Assunção Cristas devem tê-lo lido porque, nos últimos dias, estiveram entretidos a tentar demonstrar que serão os melhores "chefs" da gastronomia política nacional. Ambos sabem que, para serem califas no lugar do califa António Costa, terão de conspirar contra este, como fez Iznogoud, mas também um contra o outro. Para ver quem é o Mister ou Miss Músculo do centro/direita nacional. Assunção Cristas tem ideias, mas parte de um número de votos pequeno para conquistar o Evereste, e Rui Rio tem o apesar de tudo sólido volume eleitoral do PSD, mas faltam-lhe ideias. Para já Cristas e Rio vão clamando, para quem os quer ouvir, que são os melhores candidatos a primeiro-ministro. No Congresso em Lamego, onde foi entronizada e afastou a sombra de Paulo Portas, Cristas disse mesmo que: "Não há impossíveis." Claro que existem, mas na política é bom não acreditar que o Pai Natal é uma figura de ficção.

Os tristes não ganham eleições. Por isso, o Congresso do CDS foi, por momentos, uma espécie de Ibiza das "balearic beats". Assunção Cristas convenceu os congressistas que é possível conquistar o mundo, agrupar a direita e o centro à volta do CDS e, claro, ultrapassar o PSD. Por isso não quer listas conjuntas: há que medir músculos. E apostar na maleabilidade do CDS perante um PSD que parece neste momento um elefante numa sala de porcelana. Nikesh Arora dizia que: "A competência no futuro não será entre grandes e pequenos, mas entre rápidos e lentos." Ou seja, um pequeno rápido (o CDS) pode ganhar a um grande lento (o PSD). Derrotar o PS virá depois. Abriu a época de caça para saber quem, entre o centro e a direita, pode ser o líder da alternativa a António Costa. No Parlamento e no espaço público, o CDS já ganhou a contenda. Resta saber o que dirão os votos.»

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